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Poemario
Fernando Pessoa [Eu fragmentado]
Dor de Pensar
Serão as Almas sinceras assim também, sem saber?
Não sei ser triste a valer,
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
_
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem coração!
_
Mas enfim, não há diferença!
O que nela é florescente
Em nós é ter consciência.
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
_
Durmo sentindo-me.
Na hora calma
Meu pensamento esquece o meu pensamento.
Minha alma não tem alma.
Sou evadido.
_
Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito,
Fazendo nada é verdade
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